Família Caovilla - História
Historia
HISTÓRIA DA FAMÍLIA CAOVILLA
No Brasil, a proibição do tráfico de escravos (
Neste contexto, na pequena Vedelago, província de Treviso, no norte da Itália, Luigi Caovilla e sua família resolveram vir para o Brasil em busca de seus sonhos.
- Luigi nasceu aos 4 de agosto de 1825 em Cavasagra (1) comunidade de Vedelago, norte da Itália. Era o quarto dos 12 filhos de Ângelo Caovilla e Ângela Tempesta e foi batizado pelo Arciprete (2) Don Marco Bonetti tendo como padrinhos Domenico Bertuola e Domenica Simionato. Ângelo seu pai era natural de Casacorba (3) também naquela região e ao casar com Ângela que era de Cavasagra lá fixou residência. Luigi cresceu no seio de uma família numerosa e muito unida sempre obediente e seguidor das determinações de seus pais. Aos 26 anos no dia 24 de fevereiro de 1851 esposa Âgata Foscaro na igreja de Santa Andrea em Cavasagra. Dessa união nasceram 8 filhos: Vincenzo em 20 de maio de 1852, Arcangelo em 01 de dezembro de 1853, Ângela em 24 de setembro de 1856, Giosué em 16 de novembro de 1959, Giovanni em 15 de março de 1862, Maria Giovana em 20 de maio de 1863, Ferdinando em 2 de janeiro de 1867 e Vincenza em 15 de abril de 1874. Com exceção de Vincenzo, Giosué, Ferdinando e Vincenza nada sabemos dos demais filhos o que nos leva crer que ou faleceram crianças, como era comum naquela época ou constituíram família e não quiseram vir para o Brasil permanecendo na Itália.
(1) Cavasagra è una frazione di Vedelago di circa 2.000 abitanti cui fanno parte anche le borgate di Carpenedo e Viciliege),
(2) Arciprete é um título de presbítero da igreja católica.
(3) Casacorba è una frazione del comune di Vedelago, in provincia di Treviso.
No Brasil já estava seu filho Ferdinando Caovilla, que, cerca de cinco anos atrás havia deixado a Itália. Nando, como era conhecido, teve um desentendimento com seu patrão que o obrigava trabalhar em dia de domingo. Como católico praticante que era, Ferdinando guardava o dia do Senhor. Para não causar problemas para sua família ele decidiu embarcar para o Brasil aproveitando um navio que partiria, em poucos dias, do porto de Gênova. Deixou na Itália sua mãe que tanto amava, seu pai, irmãos e sua irmã Vincenzza.
Depois de 29 dias de viagem desembarcou em Santos, de onde veio para São Paulo. Após alguns dias na capital paulista seguiu viagem para Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul. De onde, com alguns patrícios foi para a cidade de Antonio Prado, na serra gaúcha, onde residiu por muitos anos.
Luigi e família embarcaram no porto de Gênova no vapor francês "Spagne", em fins de novembro de 1897 e contava com os seguintes membros: Luigi com 71 anos de idade, sua mulher Ágata com 66 anos, seus filhos: Vincenzza, solteira; Vincenzzo casado com Amàbile e os filhos: Pietro, Grazzia, Giovanna, Adamo, Abramo, Evangelista e Maria; Giosué, viúvo de Domenica Soligo, com os filhos Amábile Maria e Emiglio.
Após vários dias de sofrida viagem desembarcaram no porto do Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1897 onde acompanhados de outros imigrantes foram embarcados, sob supervisão de um funcionário do governo brasileiro, em um trem de ferro com destino a Juiz de Fora no estado de Minas Gerais.
Em 16 de dezembro deram entrada na Hospedaria Horta Barbosa, e lá ficaram até 29 de dezembro de 1897 quando saíram para Santo Antônio do Machado no sul de Minas, contratados pelo fazendeiro João Nepomuceno Teixeira para trabalharem na Fazenda Monte Alegre. O trajeto de Juiz de Fora até a estação ferroviária de Pontalete no município de Três Pontas no sul do Estado provavelmente foi pela Estrada de Ferro D. Pedro II até a Estação de Cruzeiro (SP), ponto de onde partia a Estrada de Ferro Minas Rio, que
Durante algum tempo, provavelmente até 1900 os Caovillas viveram
Luigi Caovilla não viu seu sonho realizado, pois em 21 de março de 1898, menos de três meses após chegar ao Brasil faleceu deixando viúva Ágata Foscaro. Foi sepultado no antigo cemitério de Santo Antonio Machado que era localizado onde hoje é a praça principal daquela cidade.
Ainda em Santo Antonio do Machado nasceu, em 15 de abril de 1899, Maria Assumpta filha de Vincenzzo Caovilla e Amábile Pazzin, a filha Vincenzza Caovilla casou-se, em 1898, com Borto Meneguello, italiano viúvo de Maria Betran,e dessa união nasce o primogênito Francisco em 27 de julho de1899.
Acreditamos que na virada do século os Caovillas vieram para Monsenhor Paulo, pois em 3 de abril de 1901 já consta dos registros da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da vila de Ponte Alta, atual Monsenhor Paulo, o assento de batismo de Luiza Maria, filha de Vincenzo(Vicente) Caovilla e Amábile. A partir daí a família Caovilla cresceu e hoje espalha-se por várias cidades do sul de Minas Gerais e outros estados, sendo a maioria moradores de Monsenhor Paulo. Os descendentes de Ferdinando, que foi para o Rio Grande do Sul, estenderam-se pelas cidades do próprio Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
ADENDO:
A família Caovilla de Monsenhor Paulo sabia da existência de um filho de Luigi e Ágata, Ferdinando, que vindo da Itália para o Brasil fora estabelecer-se no Rio Grande do Sul.
Existe, com tia Judith, um santinho da ordenação de padre Amélio Caovilla
Autor: Francisco de Paula Belato
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CAOVILLA
Autor: Ruvie Henrique Caovilla Bossoni
Introdução
Hoje procurarei contar a história de uma família que escolheu expandir suas
raízes a um outro continente, na esperança de que um mundo novo surgisse
aos seus descendentes.
Tentarei referir aqui: a primeira vida, as dificuldades da chegada ao Novo
Mundo, as emoções, a saudade da terra, o aumento dos lugares conquistados, a
esperança de uma nova vida, afim de que todos os descendentes destes bravos
lutadores possam experimentar hoje, ainda que em sonho ou na fantasia, os
momentos relatados.
Desejo que todos aqueles que lêem este pequeno relato, sintam por um instante,
uma emoção muito grande que foi transmitida de pai para filho, para que nossa
família não fosse esquecida no tempo.
Quando percorri estradas e visitei lugares onde viveram meus ancestrais,
estremeci, e em certas ocasiões a emoção era tão grande que as lágrimas
brotavam nos meus olhos e a impressão que tive era a de estar vivendo, na
realidade, aqueles momentos.
Desejo que, ao ler estas páginas, vocês sintam o mesmo, e que a emoção também
os leve ao passado e possam "viver os momentos" que serão narrados.
Sejam bem-vindos à história dos Caovilla!
A história desta história
Não é fácil relatar a história vida das famílias em geral, e a da nossa família
não é diferente. Mas como tudo tem um princípio nossa história também tem.
Em 1989, à minha cidade, Frederico Westphalen chegou um casal proveniente da
cidade de Cavasagra, Itália. Rino Ambrosi e esposa vieram visitar seus
familiares de Frederico Westphalen, primos da família Caeran dos quais, por
coincidência uma prima era namorada de um irmão meu.
Em minha casa, conversando com minha mãe e posteriormente com meu avo Henrique
Caovilla, Rino e sua esposa se ofereceram para procurar algum descendente
Caovilla na Itália. Meu avo lhes dissera que seu pai Ferdinando Caovilla tinha
vindo da região de Cavasagra.
O casal Ambrosi, retornando à Itália, se puseram a procurar por nossos parentes
Italianos. Na lista telefônica encontraram o sobrenome Caovilla, os quais, eu
mesmo fui procura-los. O Senhor Rino Ambroisi e sua esposa visitaram Eugenia
Caovilla Bison em
Mogliano Veneto e Giuseppe Caovilla em Cavasagra.
Eugênia Caovilla Bison comunicou-se com Emilia Caovilla Drigo
em S. Stino
di Livenza, e ambas, imediatamente se comunicaram com meu avo Henrique, em Frederico Westphalen.
Graças ao empenho da família Ambrosi, pudemos estabelecer
contato com os Caovilla italianos, já que os endereços que meu avo Henrique
possuía tinham sido queimados por um incêndio, juntamente com documentos que
traziam a árvore genealógica da família.
Procurarei, aqui, acrescentar os fatos e refazer a Árvore Genealógica da
Família Caovilla, que, ainda que pequena, seguramente será maior do que se
possa imaginar.
Graças à comunicação entre os Caovilla brasileiros e os italianos pude ter
acesso a objetos e fatos que me ajudaram a escrever a história que, com a
colaboração dos italianos Maria Grazia Caovilla, Emilia C. Drigo, Giuseppe C.,
Mario C. Bison, Eugenia C. Bison, Silvano C., Flavia C. Drigo e Emilio Caovilla
e do brasileiro Henrique Caovilla, de uma maneira simples, mas emocionante,
descreverei a vocês.
Quando escrevi a minha primeira carta à nonna Eugenia me emocionei e, quando
recebi a resposta me admirei, pois nunca havia sonhado de conseguir
comunicar-me com alguém que nem imaginava existir em um outro lugar tão
distante. Foi bom. Melhor que isso somente quando falei com ela por telefone. E
observem bem que eu não sabia falar italiano.
Cartas e cartas foram enviadas e recebidas, até que por um auxilio do destino,
em 1990 recebi de meus pais um presente: uma viagem para a Itália. Imaginem só!
Depois de cem anos que meu bisavô chegou ao Brasil eu iria ao lugar de onde ele
partira. Era grande a emoção!
Para um jovem como eu, era emocionante. Somente um detalhe me incomodava. Iria
só para um país estranho, sem conhecer ninguém e sem falar corretamente a
língua deste povo. Sonho? Não sei. Só percebi que era real quando embarquei no
avião em Porto Alegre
rumo a Milão na Itália.
Vôo de dez horas e cinqüenta minutos. Tempo que não acabava mais. Sonho como
seria a chegada. Ansiedade.
Quando aterrissei em Malpensa, Milão, um tremor se abateu sobre minhas pernas,
que, porém, aliviou depois da alfândega e de uma porta de vidro que dizia:
saída.
A porta se abriu, saí, e lá estavam pra me receber os primos Caovilla
italianos: Silvano e família, Flávia C. Drigo, seu filho Lucca; Mario C. Bison
e seu filho Stefano. Abraços, fotos, perguntas... Eu, um pouco atordoado, mas
feliz com tudo isso. Em seguida, ônibus, trem e, enfim, Mogliano Veneto, cidade
onde habitava nonna Eugênia, e onde permaneceria. Esperavam-me com uma pequena
festa, pois era a primeira vez que um Caovilla brasileiro pisava terra italiana
para conhecer os seus parentes italianos.
Fiquei feliz ao observar que todos eram como nós, os Caovilla brasileiros, ou
seja, alegres felizes e familiares. Fui conhecendo um a um e falavam um pouco
de tudo. Depois de dois dias já falava "tão bem" o italiano que não
parecia um estrangeiro.
Depois de tanto caminhar, conhecer lugares, viver grandes emoções, retornei com
lágrimas nos olhos recordando-me dos meus parentes, dos amigos que lá deixei e
dos meus avós italianos.
Para eles deixo apenas uma frase: quando nos vermos novamente verão o quanto os
estimo e os amo... um beijo do neto.
Os fatos e datas que consegui recolher demonstrarei a todos. Não foi fácil
estabelecer com exatidão a origem de nossa família. Muitas coisas permanecerão
sem resposta, e somente o tempo, ou outro descendente interessado poderá
descobrir e desvelar.
Ruvie Henrique Caovilla Bossoni
O significado e o início
Caovilla, para o brasileiro, significa um nome para designar os descendentes de
uma geração de imigrantes italianos, que resolveram partir para um outro mundo.
Na verdade, este sobrenome é coberto de lendas impressionantes que servem para
engrandecer o seu significado.
É difícil estabelecer, com exatidão o ano de surgimento dos primeiros Caovilla,
por não haver um registro definido da data e nem se sabe quais os descendentes
que conservam os documentos que a possam confirmar. Lendas e estórias contadas
por ancestrais nos fazem voltar no tempo, numa tentativa de chegar aos
primórdios de nossa família.
Difícil, também, é saber com exatidão, a nacionalidade inicial dos Caovilla:
italiana, francesa, suíça, austríaca... Nós, Caovilla brasileiros, somos
descendentes dos italianos, visto que os nossos ascendentes diretos vieram da
Itália, mas existe na mente de alguns italianos, uma interrogação sobre o
assunto.
Uma das lendas diz que Caovilla surge de dois termos: CAO = fundo, e VILLA =
uma espécie de fazenda onde trabalhavam muitas pessoas e que tinha uma mansão
habitada pela família do proprietário, assim, Caovilla significaria "o que
mora no fundo da fazendo". De outro lado, o dono da fazendo era chamado
Capo = patrão, da onde a origem do nome Capovilla (=patrão da fazenda).
Próximo a Pádua, olhando o mapa, encontramos algo que me fez crer nesta lenda.
Existe uma estrada chamada Via Caovilla, de cerca de 500 m que termina nos fundos
de uma Villa. Não conseguimos ir além em nossas especulações pois não
encontramos nenhum Caovilla nesta rua e ninguém dali jamais conhecera alguém
com este sobrenome.
Outra hipótese levantada pela força desta Via Caovilla foi a possível passagem
de um ancestral nosso ao local na época da colonização(?). Isso não
conseguimos confirmar. Certo é que existe a tal Via Caovilla, inclusive nos
mapas da região, e que termina nos fundos de uma grande Villa, porém não
existem registros da família na Prefeitura local.
Rodando pelo norte italiano, chegamos a outro local onde surge outra lenda:
Aquiléia, próximo á Áustria, Iugoslávia. Ali a estória é mais interessante.
Aquiléia era considerada segunda Roma, e tudo o que existe lá lembra Roma,
desde o foro até a Via Ápia.
Nossos parentes em Aquiléia dizem que Caovilla não tem origem italiana, mas é
uma mistura franco-austríaca, segundo a lenda.
Emilio Caovilla, que mora em Aquiléia, conta que durante a Segunda Guerra
Mundial, o Capitão de seu destacamento disse que Caovilla não era italiano, mas
francês. Buscas feitas por Emílio fizeram-no retornar no tempo até Napoleão
Bonaparte.
Segundo a história, Napoleão possuía um doméstico Couville que durante
conquistas na região de Aquiléia, que então pertencia à Áustria, se apaixonou
por uma jovem austríaca com a qual se casou permanecendo na região de Aquiléia,
que mais tarde passou a pertencer à Itália. E, de lá, com o tempo, de acordo
com as transcrições dos tabeliões passou a chamar-se Caovilla. O que sustenta
essa versão é que em retratos de família não se encontra ninguém com o nome de
Caovilla, mas sim: Couville, Couvile e Couvilla, todos irmãos.
Aquiléia, por ter sido um porto importante e uma cidade estratégica cresceu até
ter, aproximadamente, 40.000 habitantes. Mapas do império Romano fazem crer em
até 150.000 habitantes, e pela necessidade de trabalho, alguns ancestrais
nossos emigraram pelo continente procurando novas colonizações,
estabelecendo-se na região de Treviso, e mais precisamente de Cavasagra - o
berço dos Caovilla.
Aquiléia é uma cidade construída sobre ruínas de uma outra, o que é comprovado
por suas igrejas que apresentam três pavimentos. O terreno era engolido, de
modo que a cidade afundava consumindo a população e juntamente, alguns Caovilla.
Hoje se pode pensar que o retorno de um braço de Caovilla para Aquiléia deu-se
no intuito de procurar o passado, alimentar as lembranças, recomeçar.
Para nós, Caovilla brasileiros, nosso berço na Itália se encontra em Cavasagra,
no local chamado Casa Caovilla.
Em Cavasagra também não há registro datado de quando surgiu a família. Mapas
nos mostam que no século XVII já existiam Caovilla em Copnna di Casacorba,
Brusaporco...
Um trecho do livro "Stare a Vedelago, uma storia per sette paesi "
diz:
"... A abertura ao culto da nova igreja aconteceu em 29 de janeiro daquele
mesmo ano, por mão do pároco de Albaredo, Bartolomeu Vici, que na ocasião, deu
este sintético testemunho escrito: Faço perpétua memória ao meu sucessor
(sic!), que no dia 29 de janeiro próximo passado de 1741 abençoei a Igreja de
Casacorba com os dois altares laterais e no dia17 de dezembro abençoei a
Tribuna com o Altar Mor e no mesmo dia, celebrei a Santa Missa sobre o mesmo;
no dia 18 permiti que fosse sepultado na igreja o cadáver do Sr. Anzolo
Caovilla porque ainda não havia sido feito o pavimento, e me deram de esmola um
ducado de prata."
Não conseguimos descobrir quem fosse Anzolo Caovilla. Na Itália soubemos que
existiram mestres de obra, construtores, religiosos, etc... Caovillla, mas não
encontramos nenhum Anzolo em nossas pesquisas .
Uma outra história nos leva a Casacorba. Conta o nono Henrique e outros
Caovilla que na igreja de Casacorba é que eram batizados os Caovilla.
Histórias e mais histórias eram contadas pelos pais aos filhos, avós aos netos,
e ao final tudo aponta para o mesmo local, ao menos para nós brasileiros: a
casa Caovilla em Cavasagra, Itália.
Em Cavasagra habita um Caovilla, Giuseppe, na Via Sile, 19, distante cerca de
três quilômetros da Casa Caovilla. Com ele fui ao local. A ansiedade e a
expectativa eram grandes, pois em breve estaríamos no lugar onde meu avô disse
que nascera seu pai, e onde viveram nossos antepassados.
De bicicleta, que é muito comum na região, eu e o nosso nono "Beppi"
(apelativo de Giuseppe) percorremos os três mil metros que separam sua
residência da Casa Caovilla que hoje pertence a uma outra família.
Ao chegar a emoção foi muito grande, o coração disparou e eu fiquei por um
momento estático diante da Casa. Meu avô já havia falado muito sobre ela, mas,
a realidade é muito mais emocionante.
Lá estava ela, branca, de alvenaria, telhas envelhecidas, dois andares, duas
grandes portas, celeiro, cozinha, quarto, forno de pão...
Toda a história narrada pelo meu avo me vinha à memória. Lagrimas queriam
brotar em meus olhos, depois de 100 anos da partida de meu avo ao Brasil fui eu
o primeiro descendente brasileiro a voltar à casa onde meu bisavô havia
nascido. Os meus olhos se fecharam por um momento e pude recordar meu avo
Henrique me dizendo: "Ruvie, quando você chegar ao local, feche os olhos
para que eu também possa ver o local onde nasceu meu pai." Quando retornei
ao Brasil e lhe mostrei as fotos ele me disse: "Ruvie, é exatamente
como dizia meu pai, e como eu a imaginava".
Olhava para todos os lados, e ficava imaginando como era antigamente, como
habitavam juntos [...] o Capo, quem eu era? Sonho? Não sei, mas naquele momento
estava vivendo aquele momento. Parecia ouvir lá do ano de 1865, a parteira gritar
"è um menino!" e a festa de Luigi Caovilla por um outro filho homem,
pela alegria de todos os Caovilla que ali moravam. E o nome dado foi
Ferdinando.
A história Caovilla
Minha história se inicia sem data. Lá pelos anos de 1800 quando um jovem
chamado Ângelo Caovilla conheceu uma moça de nome Ângela Tempesta. Não sei se
foi amor à primeira vista ou se foi coincidência do destino que os dois se
chamassem Ângelo e Ângela. O certo é que depois de um, dois, três encontros
descobriram que tinham algo em comum, e decidiram contrair núpcias para formar
ima nova família. Abençoados por seus pais, foram habitar a Casa Caovilla, em
Cavasagra, Itália, e começaram assim o pequeno tronco da família Caovilla
italiana.
Festa e mais festas entre famílias, danças, comida, bebida.
Família é algo muito importante, ninguém consegue viver sem uma. Para os
italianos a família é o que tem mais valor na vida, e isso não era diferente
para Ângelo e Ângela.
No dia 4 de agosto de 1826,
a primeira alegria resplende na face do jovem casal,
nasce Luigi. A vida foi passando, trabalhos, dificuldades, filho crescendo...
tudo isso fazia com que Ângelo e Ângela batalhassem todos os dias e dedicassem
um pouco mais aos valores primordiais: a família. A recompensa veio. No dia 13
de maio de 1830, Giosué vinha ao mundo para a alegria dos pais e do irmão e,
também para a aumentar a família Caovilla.
Novamente o tempo correu. Trabalho, alimento, festas, filhos crescendo.. Tudo
parecia repetir-se.com no inicio. Não faltava o amor entre eles e a dedicação
dos dois para com a família. Tendo Luigi 9 anos e Giosuè 6 anos, seus pais
Angelo e Angela, seus tios e primos festejavam mais uma vez, pois nascera no
dia 23 de maio de 1836, Pietro, o ultimo filho do casal Caovilla.
Assim, nosso tronco de árvore Caovilla chegava ao fim, pois já estava formada
na Casa Caovilla, Cavasagra, oriunda de Ângelo Caovilla e Ângela Tempesta.